SONETO XCVIII
"Destes
penhascos fez a natureza"
Destes penhascos fez a
natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;
Vós que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência mais se apura.
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;
Vós que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência mais se apura.
Claudio
Manuel da Costa
Em
relação ao poema acima apresentado e aos períodos iniciais da história da
literatura brasileira, julgue os próximos itens.
Nesse soneto, a natureza é descrita
por meio de elementos referenciais e simbólicos, tal como nos textos produzidos
no contexto da literatura de informação quinhentista, em que se verifica, no
que se refere aos elementos naturais, o mesmo tipo de abordagem.
a( )Errado
b( )Certo
Resposta: Errado
O autor Claudio Manuel da Costa transita entre Barroco
( escritos de juventude) e o arcadismo (a partir do seu contato com
o iluminismo,
que concebia práticas mais racionais nas belas-letras), por isso
esse poema trata da paisagem local (Minas Gerais) : um cenário rochoso
(penhascos e penhas).
Observe ainda que o eu lírico marca a oposição
(característica barroca) entre o cenário e sua alma e diz para temerem a ferocidade do Amor
(caracterizado como tirano), que mais se empenha onde há mais resistência.
Aqui, outra característica do barroco que é o amor exagerado.
A literatura do quinhentismo, também conhecido como
literatura dos viajantes ou literatura dos cronistas, como consequência das Grandes
Navegações, empenha-se em fazer um levantamento da “terra nova”(Brasil), de sua
floresta e fauna, de seus habitantes e costumes, que se apresentaram muito
diferentes dos europeus. Daí ser uma literatura meramente descritiva e,
como tal, sem grande valor literário.
Essa descrição não acontece
no poema acima.
Muito bom.
ResponderExcluir