segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

SINOPSE DO LIVRO SENHORA, DE JOSÉ DE ALENCAR



Senhora, publicado em 1875, constitui um dos romances mais complexos de José de Alencar, pela concentração nos problemas humanos e suas implicações psíquicas, elemento fundamental para o romance psicológico.
Moça pobre e órfã de pai, Aurélia Camargo é noiva de Fernando Seixas, rapaz de boa índole, mas entusiasmado pela perspectiva d um bom dote. Assim é que ele troca o amor de Aurélia pelo dote de Adelaide.
Aurélia, porém, fica milionária com a morte do avô e quer reaver seu ex-noivo, oferecendo-lhe um dote de cem contos, quantia elevada para a época. Fernando aceita o casamento, mas em vez de esposa encontra uma “senhora” de quem se sente escravo; na noite do casamento, Aurélia comunica-lhe que deverão viver como estranhos, embora aparentado felicidade perante a opinião pública. Fernando trabalha com afinco para conseguir a soma necessária para saldar o seu compromisso e reconquistar Aurélia.
O romance é constituído de quatro partes e cada uma delas recebe um nome estritamente comercial:
1ª parte: o preço
2ª parte: Quitação
3ª parte: Posse
4ª parte: Resgaste



  
Biografia e principais obras de José de Alencar

José de Alencar (1829-1877) foi romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista. Destacou-se na carreira literária com a publicação do romance "O Guarani", em forma de folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, onde alcançou enorme sucesso. Foi escolhido por Machado de Assis, para patrono da Cadeira nº 23, da Academia Brasileira de Letras.
O regionalismo presente em suas obras, abriu caminho para outros sertanistas, preocupados em mostrar o Brasil rural.
José de Alencar criou uma literatura nacionalista onde se evidencia uma maneira de sentir e pensar tipicamente brasileiras. Suas obras são especialmente bem sucedidas quando o autor transporta a tradição indígena para a ficção. Tão grande foi a preocupação de José de Alencar em retratar sua terra e seu povo que muitas das páginas de seus romances relatam mitos, lendas, tradições, festas religiosas, usos e costumes observados pessoalmente por ele, com o intuito de, cada vez mais, abrasileirar seus textos.
Famoso, a ponto de ser aclamado por Machado de Assis como "o chefe da literatura nacional", José de Alencar morreu aos 48 anos no Rio de Janeiro vítima da tuberculose, em 12 de dezembro de 1877, deixando seis filhos, inclusive Mário de Alencar, que seguiria a carreira de letras do pai.
Obras de José de Alencar

Cinco Minutos, romance, 1856;
Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios, crítica, 1856;
O Guarani, romance, 1857;
Verso e Reverso, teatro, 1857;
A Viuvinha, romance, 1860;
Lucíola, romance, 1862;
As Minas de Prata, romance, 1862-1864-1865;
Diva, romance, 1864;
Iracema, romance, 1865;
Cartas de Erasmo, crítica, 1865;
O Juízo de Deus, crítica, 1867;
O Gaúcho, romance, 1870;
A Pata da Gazela, romance, 1870;
O Tronco do Ipê, romance, 1871;
Sonhos d'Ouro, romance, 1872;
Til, romance, 1872;
Alfarrábios, romance, 1873;
A Guerra dos Mascate, romance, 1873-1874;
Ao Correr da Pena, crônica, 1874;
Senhora, romance, 1875;
O Sertanejo, romance, 1875.






Análise de texto: Senhora – José de Alencar


Informações:

Ano: 1875,  data da publicação do romance Senhora.
Autor: José de Alencar
Lugar: Rio de Janeiro, lugar onde transcorre a ação.
Personagens principais do romance: Aurélia Camargo e Fernando Seixas



Imagine a seguinte situação:

Estamos em 1875, em São Paulo. Você está muito ansioso, porque finalmente chegara a carta tão esperada de seu amigo do Rio de Janeiro, José.  Agora ficaria sabendo todos os detalhes do comentado casamento de Aurélia Camargo com Fernando Seixas. Você se dirige ao escritório. Senta-se em frente à janela. Abre a carta. Começa ler.


Reunira-se na casa das Laranjeiras, a convite de Aurélia, uma sociedade escolhida e não muito numerosa para assistir ao casamento.
(...)
Não faltaram amigos e conhecidos, que sugerissem a Aurélia a lembrança de fazer o casamento à moda européia, com o romantismo da viagem logo depois da cerimônia, a lua-de-mel campestre, e o baile de estrondo na volta à Corte.
Ela, porém, recusou todos esses alvitres; resolveu casar-se ao costume da terra, à noite, em oratório particular, na presença de algumas senhoras e cavalheiros, que lhe fariam, a ela órfã e só no mundo, as vezes da família que não tinha.
Celebrara-se a cerimônia às oito horas. Lemos conseguira um barão para servir de contrapeso ao Ribeiro e um monsenhor para oficiar.
Quanto à madrinha, Aurélia escolhera D. Margarida Ferreira, respeitável senhora, que lhe mostrara desinteressada amizade, desde a primeira vez que a encontrou na sociedade.
No momento de ajoelhar aos pés do celebrante, e de pronunciar o voto perpétuo que a ligava ao destino do homem por ela escolhido, Aurélia com o decoro que revestia seus menores gestos e movimentos, curvara a fronte, envolvendo-se pudicamente nas sombras diáfanas dos cândidos véus de noiva.
(...)
Os convidados, que antes lhe admiravam a graça peregrina, essa noite a achavam deslumbrante, e compreendiam que o amor tinha colorido com as tintas de sua palheta inimitável, a já tão feiticeira beleza, envolvendo-a de irresistível fascinação.
(...)
Também a fisionomia de Seixas se iluminava com o sorriso da felicidade. O orgulho de ser o escolhido daquela encantadora mulher ainda mais lhe ornava o aspecto já de si nobre e gentil.
Efetivamente, no marido de Aurélia podia-se apreciar essa fina flor da suprema distinção, que não se anda assoalhando nos gestos pretensiosos e nos ademanes artísticos; mas reverte do íntimo com uma fragrância que a modéstia busca recatar, e não obstante exala-se dos seios d’alma.
Depois da cerimônia começaram os parabéns que é de estilo dirigir aos noivos e a seus parentes.
(...)
Para animar a reunião as moças improvisaram quadrilhas, no intervalo das quais um insigne pianista, que fora mestre de Aurélia, executava os melhores trechos de óperas então em voga.
Por volta das dez horas despediram-se as famílias convidadas.

ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo, Moderna, 1984. Cap. 12, p. 82-4.

Vocabulário:

De estrondo: pomposo, luxuoso, grandioso.
Alvitre: sugestão.
Oficiar: celebrar.
Decoro: dignidade, decência.
Diáfano: transparente.
Peregrino: extraordinário, raro.
Assoalhar: mostrar, expor.
Ademane: gesto afetado.
Reverter: sair, provir.
Insigne: notável, célebre.
Em voga: na moda, atual.

Responda:
1 - José de Alencar referiu-se a uma “sociedade escolhida e não muito numerosa”. Em sua opinião, essa sociedade era representada por qual classe social?

2 - Que profissões exerciam as pessoas dessa classe social?

3 - O fato de Aurélia “casar-se ao costume da terra” demonstra que característica do Romantismo?

4 - Aurélia casou-se à moda da terra. Porém, a cerimônia foi cercada por um certo requinte condizente com a sua classe social. Responda:
a) Quais detalhes evidenciam esse requinte?

b) Relacione esse requinte com a visão que o escritor romântico tem da sociedade.

5 - Como Aurélia pode ser caracterizada no momento da cerimônia?

6 - Que impressão José de Alencar passou a respeito de Fernando?








GABARITO
1 - José de Alencar referiu-se a uma “sociedade escolhida e não muito numerosa”. Em sua opinião, essa sociedade era representada por qual classe social?
Pela burguesia, por pessoas de alto poder aquisitivo.
2 - Que profissões exerciam as pessoas dessa classe social?
Resposta pessoal. Sugestão: médicos, advogados, etc.
3 - O fato de Aurélia “casar-se ao costume da terra” demonstra que característica do Romantismo?
O nacionalismo
4 - Aurélia casou-se à moda da terra. Porém, a cerimônia foi cercada por um certo requinte condizente com a sua classe social. Responda:
a) Quais detalhes evidenciam esse requinte?
Oratório particular, traje requintado da noiva, presença de um insigne pianista que executava os melhores trechos de ópera da época.
b) Relacione esse requinte com a visão que o escritor romântico tem da sociedade.
É a visão de uma sociedade burguesa, ideal e perfeita.
5 - Como Aurélia pode ser caracterizada no momento da cerimônia?
Pura, alegre vitoriosa, formosa, esplêndida.
6 - Que impressão José de Alencar passou a respeito de Fernando?
Distinto, modesto, humilde, uma pessoa com sentimento.




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